Apresentações e artigos que funcionam

Este capítulo possui uma versão mais recente:

Boas idéias não devem ser revestidas de prosa ruim.

Barbara Minto
De pouco adianta termos ótimas ideias ou insights se não tivermos capacidade de comunicá-los adequadamente. Ideias mal comunicadas nunca são executadas! Insights mal comunicados nunca são considerados.
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De fato, boa parte das iniciativas falham, não por carência de boas ideias, insights ou de boa vontade, mas, por falta de habilidades de comunicação das pessoas envolvidas.

Comunicação boa é estruturada para facilitar a compreensão e é fundamento da inovação.

De onde vêm as boas ideias (dublado)

Steven Johnson defende que boas ideias surgem da “colisão” de “meias-ideias”. Para ele, a aceleração das inovações e mudanças acontece em função da comunicação facilitada.  Por essa perspectiva, quanto melhor a comunicação, maiores são as chances de uma organização inovar.

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Nesse capítulo, apresento considerações práticas para elaboração de artigos e apresentações baseadas no método da Pirâmide, proposto por Barbara Minto.

O princípio da Pirâmide

O Princípio da Pirâmide é um conceito desenvolvido pela consultora Barbara Minto enquanto trabalhava na McKinsey, uma das maiores empresas de consultoria do mundo. O princípio consiste em uma poderosa técnica de apresentação de ideias, sugerindo que se dê a resposta antes de dar os argumentos.

Dando ênfase para o mais importante

Quando alguém recebe a responsabilidade pela condução de algum estudo ou pela composição de um relatório, isso se deve a sua autoridade ou capacidade reconhecida em um tema – ou seja, ethos e pathos. Presume-se que esta pessoa sabe tudo que precisa saber para fazer o trabalho.

Por outro lado, é importante lembrar que quem demanda estudos ou relatórios não deseja “saber tudo” que há sobre um tema, mas apenas o que realmente precisa saber. Geralmente, apenas deseja conhecer as conclusões ou o “ponto principal”.

Uma falha comum de comunicação, principalmente de pessoas de “tecnologia” é a “ansiedade em mostrar trabalho ou conhecimento”. Ou seja, apresentações recheadas de números e detalhes que demoram muito para “chegar no ponto” ou que, muitas vezes, nem chegam.
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Se as conclusões são o “mais esperado”, por que não começar apresentações de estudos e ideias por elas?

Justificando “apenas o necessário”

Nós, seres humanos, temos capacidades de carga cognitiva limitadas. Algumas pessoas conseguem, por exemplo, lembrar de listas com até sete itens, poucas conseguem lembrar de até nove, a maioria não consegue lidar com mais do que cinco, mas todos nos saímos bem com até três.

Qualquer lista de itens – sejam argumentos de decisão, coisas que precisamos comprar em um supermercado, participantes de uma reunião, etc – que ultrapasse o limite de carga cognitiva suportado por alguém será parcial ou totalmente esquecida. Além disso, irá gerar frustração e, naturalmente, reações potencialmente negativas.
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Uma alternativa instintiva para lidar com “listas grandes” é recorrer a algum tipo de categorização. Ou seja, “listas de listas” – partindo de elementos concretos para abstratos. Estas listas precisam ser MECE.

O princípio MECE

O princípio MECE, é uma técnica de agrupamento para separar um conjunto de itens em sub-conjuntos que sejam mutuamente exclusivos (ME) e coletivamente exaustivo (CE). Ele foi desenvolvido no final da década de 1960 por Barbara Minto na McKinsey & Company.

Em apresentações de estudos ou de ideias, depois de apresentada a “conclusão”, que é o mais importante, o apropriado é apresentar, apenas quando isso for realmente necessário, uma lista MECE com idealmente três e nunca mais do que sete argumentos de embasamento ou sustentação.

Eventualmente, argumentos de suporte ou sustentação a ideia principal são controversos ou não são óbvios. Nesses casos, é importante destacar dados e fatos observáveis que os demonstrem ou comprovem.

Ethos, Pathos “mais que” Logos

Começar uma apresentação, artigo ou relatório pela conclusão, seguindo de maneira indutiva em direção as partes, não é algo óbvio para técnicos, pois, geralmente, o processo de pensamento destes é dedutivo – ou seja, partem das diversas partes para chegar a conclusão. Pessoas do “negócio”, por outro lado, geralmente são naturalmente indutivas.
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Iniciar pela conclusão implica que o emissor tenha forte pathos e ethos. O logos, tão valorizado por pessoas de tecnologia, somente é realmente necessário em situações de exceção.

Considerações práticas

Ao preparar uma apresentação, relatório ou artigo, deve-se começar, sempre, pela ideia, ou pela conclusão que se deseja “vender”. É importante, para isso, que ela esteja alinhada com as intenções de quem “compra”, ou seja, precisa ter pathos. Além disso, a conclusão precisa estar alinhada com o tipo de autoridade exercido por quem está “vendendo”, ou seja, com seu ethos.

Depois de indicada claramente a “conclusão que desejamos vender”, expressada adequadamente para o “público comprador”, é importante relacionar pelo menos três, não mais do que sete, argumentos de sustentação. Esses argumentos, assim como a conclusão, precisam ter pathos.

Finalmente, cada “argumento de sustentação” deverá possuir pelo menos três dados ou fatos relevantes que os demonstrem.

Introdução ao método da pirâmide com Barbara Minto

A própria Barbara Minto registrou, tempos atrás, um tutorial passo a passo sobre como aplicar seu método.

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O que fazer se houverem duas ou mais “conclusões”

Se houverem duas conclusões ou “ideias” a vender, deve-mos, então, criar um nível adicional de abstração. Ou seja, uma “ideia” que consolide aquelas que estamos tentando “vender”.

Se duas ou mais ideias, em uma única apresentação, deveriam estar relacionadas. Caso não estejam, melhor que sejam apresentadas em momentos separados.
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Produzindo artigos

Dado todo o exposto, um artigo deve apresentar, já em seu primeiro parágrafo, a ideia que se deseja “vender”. Ou seja, a conclusão ou ideia principal que desejamos transmitir ao leitor.

Na sequência, é interessante ter um parágrafo ou seção para cada argumento de sustentação – eventualmente, expandidos por dados e fatos de comprovação.

Finalmente, a conclusão deve retomar a conclusão já indicada na abertura do texto.

Preparando apresentações

A preparação de apresentações segue a mesma lógica de produção de artigos. Assim, já nos primeiros slides deve estar expressa claramente a ideia principal ou conclusão que desejamos transmitir a quem estará assistindo.

Na sequência, devemos iniciar uma seção para cada argumento de sustentação, indicando dados e fatos de comprovação.

Finalmente, o último slide deve retomar a ideia ou conclusão apresentada no início.

// TODO

Antes de seguir para o próximo capítulo, pondere:

  • O método proposto por Barbara Minto tem eficiência demonstrada há décadas. Acredita que ele pode funcionar para você e sua organização?

Referências bibliográficas

JOHNSON, Steven. Where Good Ideias come from: the natural history of innovation. San Francisco, Ca: Riverhead Books, 2011. 352 p.

MINTO, Barbara. The Pyramid Principle: logic writing and thinking. Boston, Ma: Pearson Education, 2021. 240 p.

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Elemar Júnior

Fundador e CEO da EximiaCo, atua como tech trusted advisor ajudando diversas empresas a gerar mais resultados através da tecnologia. 

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