Diferenciando Estratégia, Tática e Operação

Em qualquer nível, cabe a gestão a responsabilidade de identificar, priorizar e resolver problemas, bons ou ruins.

Vicente Falconi

O objetivo da gestão é promover melhorias aos resultados de uma organização. 

Profissionais técnicos geralmente tem intimidade natural para a operação, mas só se conectam efetivamente com o negócio quando desenvolvem interesse e fluência em discussões táticas e estratégicas.

Importante determinar que a ideia de que há uma hierarquia de importâncias entre estratégica, tática e operação é falsa. Uma empresa com competência estratégica mas incompetência tática ou operacional falha na execução. Por outro lado, uma empresa com excelência operacional, mas deficiência estratégica, tende a se tornar menos competitiva.

Boa parte das empresas classifica como estratégia o que não passa de “soluços táticos”.

Quando tecnologia não é envolvida nas questões estratégicas, geralmente, é porque é vista como custo, recurso ou parceira, mas nunca como enabler. Isso representa um risco para os negócios em tempos digitais.

Como a TI é percebida em sua empresa?

TI passou, em poucos anos, de fonte de custo a fonte diferencial competitivo. Isso implicou em ajustes na forma como ela é gerenciada, sobretudo por novos e crescentes objetivos estratégicos.

Nesse episódio, falamos sobre as várias percepções para a área de TI que encontramos em empresas de todos os portes. Também indicamos o que deveria estar sendo feito.

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Considerações temporais

A alta gestão precisa ter visão bifocal: parte para interesses de curto prazo, outra para interesses de longo prazo.

Peter Drucker

Para poder classificar iniciativas para implantação de melhorias como estratégicas, táticas ou operacionais, é útil que entendamos que elas precisam ser avaliadas conforme o horizonte de tempo previsto para concretização.

Quanto mais longo for o horizonte vislumbrado para uma melhoria, geralmente, também maior e melhor deverá ser seu impacto para os resultados futuros. Em compensação, quanto menor for o espaço de tempo considerado, geralmente, maior será a relação das iniciativas com a capacidade de manter os resultados atuais. Daí, denotamos que iniciativas de longo prazo são (ou deveriam ser) sempre transformacionais. Enquanto isso, iniciativas de curto prazo são, geralmente, incrementais, mais voltadas a continuidade. Melhorias de longo prazo são sempre orientadas para o crescimento da capacidade competitiva (lucro). Melhorias de curto prazo são, geralmente, primariamente orientadas a sobrevivência saudável.
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Toda melhoria planejada para o longo prazo deve sempre estratégica, implantando  rupturas articuladas ou  combatendo complexidades predatórias.
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Sobre a necessidade do pensamento estratégico

Pensamento estratégico

Melhorias significativas nos resultados geralmente implicam em rupturas consideráveis, seja nos modelos de negócios ou nos modelos operacionais das organizações, para isso, combatendo complexidades predatórias.

Em “Sobre a necessidade do pensamento estratégico”, articulo sobre a natureza dessas rupturas e complexidades.

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Quanto maior o horizonte, maiores são as incertezas e as possibilidades. Por outro lado, quanto menor o espaço de tempo considerado para uma melhoria, mais previsíveis. No longo prazo, maiores e mais impactantes são as influências externas a organização.

O futuro é plural

Os futuros do presente

As práticas modernas de planejamento de longo prazo não podem ficar restritas a apenas um cenário. Aliás, quanto maior o horizonte vislumbrado, maiores são as possíveis variações no tabuleiro competitivo.

Em “o futuro é plural”, discuto as implicações do “mundo VUCA” e o “cone dos futuros”.

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Iniciativas para implantação de melhorias de longo prazo são naturalmente mais abstratas. Enquanto isso, iniciativas de curto prazo são obviamente mais concretas.
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Quando o 'futuro' começa?

Os futuros do presente

Qual o período ideal de tempo a considerar para planejamentos de longo prazo? Segundo especialistas em analisar o futuro o indicado é 10 anos.

Em “Quando o ‘futuro’ começa?”, apresento justificativas para essa recomendação.

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A gestão da rotina é sempre operacional. A ênfase está sempre na manutenção dos resultados e na melhoria da eficiência operacional, geralmente através de esforços de padronização. São nos resultados da operação, ao longo do tempo, que ficam demonstrados os impactos das iniciativas estratégicas.

As iniciativas de melhoria de longo prazo, para serem implantadas, precisam ser desdobradas em melhorias de médio prazo, táticas, com escopo mais localizado, mais concretas e enriquecidas com detalhemento e metas financeiras. Isso viabiliza tanto a definição de diretrizes para avalização e aprimoramento da operação, promovendo ajustes, quanto o disparo de projetos de implantação de mudanças estruturantes.

Gerenciamento por Diretrizes

O GPD é um sistema de gestão, idealizado pela consultoria Falconi, que desdobra diretrizes previstas para a realização das melhorias de longo prazo em metas alcançáveis a todos os colaboradores. Com esses desdobramentos, é possível envolver toda a empresa em direção aos objetivos estratégicos.

Importante, entretanto, que não esqueçamos que normas e procedimentos, decorrentes dos desdobramentos de projetos estratégicos e diretrizes, não terão efeito pré-determinante no comportamento das pessoas. Servirão apenas como base se estiver alinhadas com as estratégias e planos individuais.
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São as iniciativas táticas que “conectam” a estratégia com a operação.
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A estratégia é sempre sobre a competição.

Michael Porter

Perguntas oportunamente inoportunas

Relacionar discussões da rotina com melhorias que se deseja implantar no “longo prazo”, logo, estratégicas, é uma excelente forma de profissionais de tecnologia desenvolver “ethos” e “pathos” sobre o negócio (além de salvar, eventualmente, a área de tecnologia de algumas enrascadas) Alguns questionamentos interessantes:

  • Como o “projeto X” se relaciona com nossos objetivos de longo prazo? No que colabora para que consigamos realizar nossa estratégia?
  • A decisão que estamos tomando não parece alinhada com nossas diretrizes. Estou errado?
  • Esse “desvio excepcional” que estamos fazendo é realmente uma exceção ou indica algo que precisamos mudar em nossa operação?
  • Como saberemos se a mudança que estamos implementando está “indo no caminho certo”? Que métrica estamos considerando? Qual é a meta?
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Considerações de escopo

A implantação de uma melhoria em uma organização pode envolver três escopos distintos: a estrutura da organização (como ela está organizada, incluindo departamentos e hierarquia), processos e atividades.

Uma atividade, seja executada por pessoas ou máquinas, deve adicionar valor específico ao negócio ou mitigar algum risco (as que não o fazem devem ser minimizadas ou eliminadas). Mudanças na forma como atividades isoladas são executadas geralmente tem impacto restrito e geram melhorias sob a perspectiva da eficiência operacional. São geralmente orquestradas por coordenações e gerências e são implantadas por especialistas.

Processos denotam sequências de atividades e, consequentemente, valores agregados (daí a expressão “cadeia de valor”). É através dos processos de uma organização que seus resultados são gerados, logo, uma organização sem processos definidos tem resultados imprevisíveis.
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Desenvolvimento e manutenção de processos é responsabilidade das diretorias e gerências, contando com o suporte de especialistas.

Para que processos sejam executados de maneira ótima, demandam esturutras organizacionais favoráveis. A estrutura de uma organização contempla seus departamentos, infraestrutura e recursos em quantidade e qualidade suficiente para a execução das atividades previstas nos processos. Sua definição é sempre responsabilidade da alta gestão.

Mudanças na estrutura da organização devem sempre ter motivações estratégicas, por sua dificuldade sempre demandam prazos mais longos. A criação ou modificação de processos devem sempre ter motivações táticas. Finalmente, o controle e o aperfeiçoamento de atividades são sempre operacionais e devem ser ênfase da gestão da rotina.

Perguntas oportunamente inoportunas

É comum, principalmente em empresas que estão crescendo rapidamente, que diretorias “passem por cima” da gestão operacional. As seguintes perguntas podem ajudar a “conduzir todo mundo para seu lugar”:

  • Entendo que essa ação nos ajuda a resolver o problema que estamos enfrentando agora. Mas como ela nos ajudará a não termos problemas semelhantes no futuro?
  • Como podemos avaliar se o “processo X” está produzindo os resultados esperados? Qual é a meta? Como ele se relaciona com nossa estratégia?
  • Em que atividades nós precisamos ser, de fato, ótimos?
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Relação com metas

Se a implantação de uma melhoria pode impactar em três escopos distintos, a avaliação do sucesso de qualquer iniciativa deve ser feita sob métricas ajustadas para cada escopo, com metas específicas, porém correlacionadas. É através das metas que a gestão conecta organização, processos e atividades.

Definidas métricas de controle, as metas devem sempre objetivar a redução de lacunas (distância entre a performance máxima possível e a performance atual).

Considerações de complexidade e aprendizado

Precisamos compreender que o desenvolvimento de uma organização é um processo educacional de acumulação de conhecimento.

Vicente Falconi

“Trabalhadores do conhecimeno”, trabalham para “resolver problemas”. 

Saber reconhecer a “natureza” de um problema ajuda a definir a estratégia mais efetiva para o resolver, maximizando o desempenho/resultado e minimizando o esforço/trabalho. Os cinco domínios do framework Cynefin – um framework desenvolvido por David Snowden na IBM – ajudam na classificação de problemas, direcionando abordagem para solução.

O primeiro domínio, “Óbvio” ou “Simples”, é aquele ao qual pertencem os problemas que tem clara relação entre causa e efeito. Sabe-se, com relativa precisão, qual ação precisa ser realizada para atingir um determinado resultado.Problemas desse domínio podem ser corrigidos, evitados ou mitigados através da aplicação de melhores práticas. Além disso, quem os tratará precisa apenas de treinamento e capacidade analítica para detectar, categorizar e aplicar soluções. Boa parte dos “problemas operacionais” pertencem a categoria dos problemas óbvios ou simples.

O segundo domínio, “Complicado”, é aquele ao qual pertencem os problemas que também tem relação clara entre causa e efeito, porém, geralmente, onde diferentes ações podem atingir um mesmo resultado. Problemas desse domínio são, geralmente, melhor resolvidos por pessoas com experiência, que conseguem julgar os prós e contras de diversas alternativas e escolher o que é mais adequado ao contexto. Boa parte os problemas táticos são, pode definição, problemas complicados e se beneficiam muito de apoio de consultorias.

O terceiro domínio, “Complexo”, é aquele onde também é possível estabelecer relação de causa e efeito. Entretanto, apenas depois de aplicada uma ação. Esses são aqueles problemas que precisam de experimentação para serem resolvidos. Afinal, o número de variáveis é tão grande que impossibilita previsão 100% segura. Nesse domínio encontra-se, por exemplo, o desenvolvimento de negócios e onde reside a estratégia. 

O quarto domínio, “Caótico”, é aquele onde não é possível determinar, com clareza, relações de causa e efeito, nem antes, nem depois de adotada uma ação. São problemas onde o número de variáveis é muito grande e é impossível de determinar causalidades. Problemas desse domínio costumam ocorrer em situações atípicas, geralmente associadas a circunstâncias críticas. Empresas caóticas sobrevivem mais por sorte do que por gestão.

Categorias diferentes de problemas exigem abordagens diferentes para determinar uma solução.

Perguntas oportunamente inoportunas

Problemas “estratégicos” sempre serão complexos e táticos geralmente serão complicados. Seguem boas perguntas para ocasiões onde o “negócio” estiver “simplificando” em demasias questões tecnológicas:

  • Podemos ter certeza de que os ajustes sugeridos irão nos ajudar a realizar a estratégia? Como iremos poder constatar isso?
  • Temos conhecimento suficiente “dentro de casa” para abordar esse desafio? O que precisamos aprender para aumentarmos as chances de sucesso?
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Consolidando

A estratégia tem relação com iniciativas de natureza complexa, estruturantes, para implantação de melhorias de longo prazo, geralmente em escopo organizacional. É conduzida ou facilitada pela alta gestão.

A tática é um combinado de ações de natureza complicada de médio prazo, através de projetos ou diretrizes, geralmente criando ou aprimorando processos. É conduzida tanto pela alta gestão quanto pela gestão média.

A operação compreende a execução e padronização de atividades, com vistas a manter ou aperfeiçoar a rotina. É conduzida pela gestão média e de base e inclui todas as pessoas da organização. É na operação que os resultados projetados na estratégia são ou não atingidos.

Para pensar…

Antes de avançar para o próximo capítulo, recomendo as seguintes reflexões:

  1. Em sua organização, tecnologia é parte da discussão estratégica? A “alta gestão” de TI se concentra em aspectos estratégicos do negócio ou táticos?
  2. Sua empresa tem resultados previsíveis?

Referências bibliográficas

FALCONI, Vicente. O Verdadeiro Poder. Nova Lima: Falconi Consultores de Resultado, 2009

KURTZ, C. F.; SNOWDEN, D. J.. The new dynamics of strategy: sense-making in a complex and complicated world. Ibm Systems Journal. Cambridge, p. 462-483. abr. 2003. Disponível em: https://exco.me/cynefin. Acesso em: 15 maio 2021.

WIKIPEDIA. Ciclo PDCA. Disponível em: https://exco.me/pdca. Acesso em: 11 abr. 2021.

 

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Elemar
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2 anos atrás
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Como meu time e eu seremos avaliados?

Elemar Júnior

Fundador e CEO da EximiaCo, atua como tech trusted advisor ajudando diversas empresas a gerar mais resultados através da tecnologia. 

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