"Acelerando" a cultura organizacional

A capacidade de perceber as limitações da cultura própria de alguém e desenvolver adaptativamente a cultura constitui a essência e o desafio final da liderança.

Edgar Schein
Boa parte dos “embates” entre times de tecnologia e negócios, em empresas que ainda não completaram a transformação digital, acontece em função de percepções culturais conflitantes. Dessa forma, a redução destes embates passa pela realização do esforço das lideranças em moldar a cultura de maneira mais satisfatória para todos.
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Considerações sobre a cultura organizacional

Pensamento Estratégico

A cultura “engole” a estratégia no café da manhã. Ela está expressa na forma como as pessoas pensam e agem.

Nesse capítulo, reviso o conceito de cultura organizacional que é fundamental para líderes preocupados em criar um “cenário favorável” para a implantação de melhorias estratégicas – ou seja, de longo prazo.

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Acompanhar a “aceleração” dos negócios, inegavelmente impulsionada por tecnologia, é um desafio para todas as empresas. Se no passado, era comum ver a “cultura da organização” suplantando e “sufocando” tendências culturais das áreas de tecnologia, hoje em dia a necessidade é de que aconteça o oposto. Exemplo desse fenômeno, nos anos recentes, é como as práticas “ágeis” passaram a permear times de negócios, ainda, entretanto, de maneira desajeitada.
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Há, hoje, oportunidade clara para que lideranças técnicas atuem com protagonismo, ajudando as organizações no diagnóstico das culturas vigentes, muito além da “superfície”, identificando e atuando na formação de crenças e valores expostos, baseados em suposições básicas novas e ajustadas, mais “em dia” com as demandas tecnológicas e ágeis tão necessárias para o atual cenário competitivo.

Obviamente, adaptações culturais são difíceis, principalmente por impactarem na estrutura de poder das organizações. Elas tomam tempo e não acontecem de maneira determinística, tampouco por imposições top-down (embora patrocínio executivo certo seja indispensável), exigindo significativo capital político.
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A demanda por poder e por competência política

Pensamento estratégico

Qualquer pessoa interessada em promover melhorias de longo prazo, ou seja, estratégicas, precisa entender que desenvolver competência política é fundamental.

Nesse capítulo, reviso os conceitos de “poder” e “política” dentro das organizações.

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Enfrentando resistências

Para toda iniciativa, quanto menos alinhada estiver a cultura de uma organização, maiores serão as resistências que precisarão ser superadas para sua execução. As discussões são menos sobre o “certo ou errado” e mais sobre “alinhado ou desalinhado”.

Em boa parte das empresas, por exemplo, ainda impera a cultura do “confia, mas confere”. Logo, são grandes as resistências para conferir autonomia as pessoas e, consequentemente, maiores são os obstáculos para a agilidade. Além disso, maiores são os incentivos para a burocracia.

Muitos gestores afirmavam até outro dia que  “são os olhos do dono que engordam o gado”. Nas organizações onde essa é uma suposição básica, é difícil conceber com naturalidade a possibilidade do “trabalho remoto”.

Qualquer que seja a iniciativa, independente dos seus méritos, enfrentará resistências maiores quando estiver desalinhada com a cultura.

A insuficiência dos “artefatos”

Muitas organizações de tecnologia, visando replicar o desempenho superior de outras empresas, copiam elementos superficiais da cultura – os “artefatos”.

É comum, por exemplo, empresas implantando ritos ágeis – como standup meetings, quadros Kanban, etc – sem tomar o mesmo cuidado de também ajustar crenças e valores e, acima de tudo, ignorando incompatibilidades nas suposições básicas. Assim, o resultado são “aberrações” metodológicas que, no lugar de melhorar resultados, geram instabilidades e insatisfações.

Cabe ao líder de tecnologia não sucumbir ao óbvio.

Uma oportunidade: o mundo está mais “acelerado”

A frequência das mudanças tecnológicas apenas reflete a aceleração presente, também, em todas as outras áreas do negócio, porém, nem todas as organizações – mesmo as tecnológicas – estão adaptadas para a nova realidade. As capabilities que têm suportado as áreas de tecnológicas ao lidar com o novo são úteis para a organização como um todo e constituem importante “força de barganha”.

Longos projetos de desenvolvimento de produtos, com grandes times e orçamentos, tem, cada vez mais, dado lugar a iniciativas com ciclos de entrega freqüentes com feedback constante e colaboração com os clientes, exatamente como se entende que software precisa ser desenvolvido.

O trabalho, mesmo em plantas industriais é cada vez mais realizado por “trabalhadores do conhecimento” e menos por “mão de obra”.

Trabalhador do conhecimento

Trabalhador do conhecimento é uma designação proposta por Peter Drucker para para pessoas que são valorizadas por sua capacidade de atuar sobre o conhecimento de uma dada área e comunicá-lo.

É frequente que estes “trabalhadores” avancem o conhecimento geral sobre aquele assunto através de sua atividade, mesmo que seja muito focada.

Trabalhadores do conhecimento usam sua capacidade de pesquisa para definir problemas e identificar alternativas. Motivados por sua especialização e experiência, eles trabalham para resolver esses problemas, no esforço para influenciar as decisões, prioridades e estratégias da companhia.

Para serem competitivas, empresas modernas precisam desenvolver capabilities que acelerem o desenvolvimento e entrega de soluções aderentes ao mercado. Para isso, precisam, também, acelerar o engajamento com o ecossistema para obter feedbacks assertivos, a antecipação e adaptação a mudanças regulatórias e, finalmente, as adaptações para mitigar crises de segurança e econômicas. Software está no “coração” dessas capabilities.

Para pensar…

O maior desafio para a digitalização e para a transformação digital, tão necessários para as organizações, está na conciliação cultural entre as áreas tradicionalmente associadas à tecnologia e negócios. Quanto maior a “vocação técnica” de uma área, mais perceptíveis nela serão as capabilities associadas com aceleração experimental e com aprendizado.

Quanto maiores os “choques culturais” percebidos entre áreas “genuinamente técnicas” e outras áreas importantes para o negócio, maiores os indicativos de que a empresa ainda percebe tecnologia como custo, asset ou, no máximo, parceira. Apenas empresas com cultura organizacional moldada pelas lideranças “genuinamente técnicas” têm condições de perceber tecnologia como enabler.

Como TI é percebida em sua empresa?

TI passou, em poucos anos, de fonte de custo a fonte diferencial competitivo. Isso implicou em ajustes na forma como ela é gerenciada, sobretudo por novos e crescentes objetivos estratégicos.

Nesse episódio, falamos sobre as várias percepções para a área de TI que encontramos em empresas de todos os portes. Também indicamos o que deveria estar sendo feito.

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Se moldar a cultura é responsabilidade das lideranças, então, cabe as lideranças técnicas conduzir ações que moldem a cultura da organização à intimidade tecnológica. A jornada “do tech ao biz”, em última instância, implica na alteração do “tabuleiro organizacional” para que a distinção entre “negócio” e “tecnologia” – a cultura do “nós e eles” – faça cada vez menos sentido.

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Elemar Júnior

Fundador e CEO da EximiaCo, atua como tech trusted advisor ajudando diversas empresas a gerar mais resultados através da tecnologia. 

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